03 fevereiro 2007

Sempre Elis!


Aproveitando as comemorações dos 25 anos volvidos sobre a morte de Elis Regina, deixo aqui este singelo apontamento enquanto sua fã.
Tinha uns 19 anos quando pela primeira vez escutei a mestria da sua voz. A sensação foi de arrepio.
A união da virtuosidade técnica à expressão, sublime, dos sentimentos, soaram-me a magia. Não se explica, sente-se.
A emoção, a energia, a ira, a revolta, o sarcasmo, a sátira, a liberdade, a inteligência, a sensualidade, o doce disfarçado de amargo apresentaram-ma como uma "força da Natureza".
A lucidez de uma mulher, de uma artista, que tão incomodamente aproveitava as inúmeras entrevistas para trazer à ribalta os atropelos sobre os Direitos Humanos, ainda hoje tão presentes, no país que a viu nascer.
Ontem, hoje e sempre o meu ouvido e a minha alma continuam a solicitá-la, devotamente!

Caucau

Deixo aqui alguns excertos de entrevistas realizadas à "Pimentinha":

"Ela é uma mutante confessa:

Eu sou meio mutante mesmo, mas antes eu me sentia um pouco perdida. Aquilo que eu estava fazendo não combinava com o tipo de música que eu estava querendo cantar. Aquele negócio de você ver o capim crescer na sua casa sem tomar providência nenhuma. Um dia você se dá conta e o capim já virou mato e aí você sente que está emaranhada nele. Então tem que cortar o mato. É difícil mas é bom porque você se deu conta, entende? (Zero Hora/ 1974)

Uma permanente pesquisadora:

Aprendi que a vida é feita de dois lados. Você precisa conhecer o lado torto para conhecer o lado bonito. Então, nesse sentido, todas as experiências pelas quais nós passamos são absolutamente válidas (O Globo/76)

Uma criatura preocupada:

De excelentes cantoras o Brasil e o mundo andam cheios. A mim não me interessa ser uma boa cantora a mais. Quero o usar o dom que a Mãe Natureza me deu pra diminuir, com ele, a angústia de alguém. Essa idéia é que pode dar sentido ao meu trabalho. E é por isso que cultivo essa idéia com carinho, todo dia (Correio do Povo/ 75)

Uma grande amiga:

Eu só acredito em trabalho em conjunto e sou do tempo em que os grupos se reuniam. E minha maior preocupação era realmente fazer com que meu grupo fizesse por onde merecer esse nome (Última Hora/76)

Uma pessoa de fé:

Quero sofrer tudo até a última gota, quero tudo a que tenho direito – as coisas boas e ruins – e não pretendo deixar nada pra ninguém (Jornal do Brasil/ 76)"

1 comentário:

Tânia Magalhães disse...

É sem dúvida uma mulher especial! Ou não tivesse sido ela própria a dar alta à sua psicoterapeuta!...